Drácula

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Apesar da história de Drácula ser uma das mais conhecidas dentre os mitos modernos, pouca gente efetivamente lê o livro, acumulando na memória apenas o parco conhecimento que surge através de obras dele derivadas, em especial, os vários filmes que chegaram ao cinema. Bram Stoker ao descrever o vampiro fez algo semelhante (para sua época): reuniu uma série de lendas romenas e as costurou para transformar o mito do vampiro para sempre.

A história trata da vontade de Vlad Tepes – ninguém menos que o Conde Drácula, um nobre que vive nas montanhas geladas da região romena conhecida como Transilvânia – de deixar o isolamento e viver no coração do mundo, na época (o romance é de 1879), a cidade de Londres. Ele não deseja apenas mudar-se dali, mas sim efetivamente tornar-se um londrino, passar despercebido às pessoas. E, para auxilia-lo nesta empreitada, contrata uma firma de advogados que enviam como representante Jonathan Harker.

Não tarda para Harker perceber em que enrascada se meteu, e dali em diante, em meio a gritos apaixonados para sua talvez para sempre perdida Mina, acompanhamos sua saga desde a fuga do castelo do Conde até seu reencontro com o próprio Dracula, em Londres, alguns meses mais tarde, quando deve enfrentar o vampiro para salvar a alma de sua amada. Vários outros personagens são apresentados, cada qual com sua importância para a história, mas sem dúvida o professor Van Helsing é o maior dentre eles. Não podemos negar que apesar de excêntricos seus métodos funcionam.

Há muitos que defendem Drácula como a obra máxima sobre o vampiro. Eu, apesar de algumas ressalvas, concordo. Escrito de maneira semelhante a um diário ou livro de recortes, ele acumula cartas e textos produzidos pelos diversos personagens em ordem cronológica (da mesma forma que Mina, a já citada protagonista, o faz no próprio livro, dando a impressão ao leitor de que ele está com o manuscrito original em mãos). Nele os não-vivos são tomados por um espírito cruel e devasso, sem limites ou receios. Em suma, a pura encarnação do mal. Nada de vampiro amargurado com dilemas éticos nestas páginas.

É bem verdade que se comparado a algumas histórias de nosso tempo, Drácula chega a ser até um tanto quanto ingênuo, ainda que para a época tenha assustado muita gente. Para aproveitar melhor o todo da trama, faz-se necessário um certo exercício para lembrar-se de que estamos vendo o mundo sob a ótica de mais de um século atrás, onde os homens eram mais altruístas e as mulheres buscavam seu espaço na sociedade (ainda que tímido).

Uma história que merece seu posto de clássico e que deve ter lugar obrigatório em qualquer estante. Aliás, como uma queixa única, o final ocorre tão bruscamente que chega a ser um anti-climax.