O Vampiro Lestat

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Há alguns anos tentei ler O Vampiro Lestat e acabei deixando-o de lado em detrimento de outros livros, e no fim acabei abandonando de maneira forçada devido ao vencimento da biblioteca. O tempo passou e agora lembrei de procurar este livro para recomeçar a leitura do ponto onde parei. E foi bom assim, não recomendo em absoluto ler O Vampiro Lestat antes de Entrevista Com o Vampiro. Por que boa parte da mítica da história gira em torno do primeiro.

A história de Lestat é dividida pela autora — Anne Rice — em vários livros menores que contam a história de Lestat do fim de sua vida mortal até a atualidade quando ele desperta após os eventos vistos em Entrevista. Aliás, as passagens relativas ao tempo atual da história (a década de oitenta, para ser mais exato) são, de longe, as mais enfadonhas e repletas de clichês punks. Talvez como um retrato da própria década de 80, é verdade, mas ainda assim, não fazem jus aos relatos de época dos séculos XVIII e XIX, e alguns ainda mais antigos, relativos a mítica do vampiro desenvolvido pela autora que fala “Daqueles-Que-Devem-Ser-Conservados”

A visão romântica, rebuscada e altruísta da “vida após a morte” de Lestat contrasta muito com o derrotismo e o espírito depressivo de Louis, o protagonista do Entrevista. Também são explicadas, de certa forma, uma série de fatores que separam àqueles predestinados a serem realmente imortais dos vampiros comuns que enlouquecem e morrem poucas décadas (ou, no máximo, um ou dois séculos) após serem criados.

É uma história rica e repleta de passagens memoráveis, mas, na minha opinião, que se perde ao chegar ao tempo atual. Até compreendo a vontade de jogar tudo pro alto de Lestat, mas o processo que o transforma numa espécie de pop-star financiado pela fortuna inesgotável que possui juntamente com a banda de hard-rock de fundo de quintal que o fez despertar para o século XX é bem esquisita, para dizer o mínimo.

Ao fim, essa necessidade de revelar ao mundo que ele é um vampiro (dito em caixa alta várias vezes no capítulo em questão) rendeu uma cena que me lembra muito os filmes do Shrek, onde praticamente todos os personagens principais aparecem juntos num grande palco dançando e cantando. Claro que o livro não termina aqui, há ainda uma boa surpresa para os momentos finais. Mas…

Enfim, um complemento muito bom para o Entrevista, sem o mesmo ar de mistério do primeiro, mas ainda assim uma boa leitura.